Desde 2003 a Red Bull possui estúdios de gravação pelo mundo. Se, por um lado, eles permitem que (alguns) artistas tenham acesso a equipamentos de alta qualidade gratuitamente, por outro representam uma ação predatória no mercado. Artistas em início de carreira geralmente gravam em casa ou em pequenos estúdios. Aqueles já estabelecidos ou em estágios mais avançados da carreira são os que recorrem a estúdios mais bem equipados e caros. Esse último grupo, justamente, é parte dos que ocupam o estúdio da Red Bull em São Paulo (mesmo que também exista espaço para artistas em início de carreira).

Outras empresas, como a Converse, fizeram projetos semelhantes. No caso da marca de calçados, no entanto, foi feita parceria com um estúdio já existente (o Family Mob). O que deve ser pensado nesses casos é até que ponto a inserção de empresas gigantes financiando gravações gratuitas é benéfica ou não ao mercado. Ações como a da Converse, de parceria com estúdios já existentes, me parecem menos predatórias.

Canal por Canal

Feita a ressalva, um projeto muito legal da Red Bull é a série Channel by Channel. Nela, artistas e seus respectivos produtores abrem as faixas e mostram os diferentes canais de gravação (apenas guitarras ou bateria ou baixo, por exemplo), comentando detalhes da produção e mixagem.

Aqui, você pode assistir aos vídeos da Elza Soares com Guilherme Kastrup, produtor dos últimos discos dela (“O que se cala” e “Dentro de cada um“); Boogarins, no qual Benke e Dinho falam sobre “Lá vem a morte“; e o do Kiko Dinucci sobre “Uma hora da manhã“, no qual também fala sobre a origem da música. Além de ouvir brevemente os canais separados, vale para conhecer a origem de algumas das músicas e ouvir históricas de bastidores.

No caso do Boogarins, meu vídeo favorito da série, se destacam as técnicas lo-fi de produção, como vocais gravados no celular na escada de um prédio e usar o microfone do próprio computador para gravações.

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